Eu vou começar o post de hoje lá pelo início de tudo.
No ano de 1985, muito influenciado pelo Rock in Rio I e por todo o “boom” do rock nacional que houve por consequência, o meu irmão, Rodrigo, com 11 anos de idade – eu tinha 14 – resolveu pedir de presente de Natal aos meus pais uma guitarra.
E eu fui fortemente contra a ideia dele, coloquei a maior pilha para ele desistir e pedir, sei lá, uma bola, uma bicicleta, brinquedos normais de criança.
Mas ele insistiu e acabou ganhando a guitarra.
Era uma Giannini modelo Sonic, uma das guitarras mais baratas possíveis na época.
Era proibido por lei se importar instrumentos musicais e assim para comprar um instrumento oficialmente, na loja, só havia opção de nacionais, que eram por falta de concorrência imensamente inferiores em qualidade em relação aos nacionais que temos hoje.
Resumindo: meu irmão pegou na guitarra um pouco, tentou sozinho fazer alguma coisa, isso durou um dia ou dois e o instrumento acabou ficando de lado em pouco tempo.
Eu estava em férias escolares, com muito tempo livre, e ver aquela guitarra ali parada por algum motivo despertou em mim a curiosidade de tentar aprender a toca-la.
Havia um conservatório de música muito próximo de minha casa, aqui em Niterói-RJ, e resolvi me matricular para ver no que é que dava.
Em um mês mais ou menos eu já conseguia arranhar alguns acordes.
Lembro-me perfeitamente que a primeira música que eu consegui tocar foi “Tédio” do Biquini Cavadão.
Ela só tinha três acordes, Em, Am e Bm, e eu me enrolava todo para fazer o Bm devido à pestana, mas aos poucos foi melhorando.
Fui me empolgando, e com isso o meu irmão um dia chegou e disse “cara, vou aprender guitarra também para tocarmos juntos”.
Ele não sabia qual aprender, mas pouco tempo depois uma outra situação inusitada despertou o verdadeiro talento dele.
Fomos a um show do Barão Vermelho em um ginásio, e ele como não estava se sentindo muito bem resolveu ir assistir ao show do lugar menos cheio possível, na região da arquibancada que ficava atrás do palco.
Enfim, ele passou o show inteiro assistindo na perspectiva do Guto Goffi, batera do Barão, por trás de tudo.
Após o término nos encontramos para ir embora, já do lado de fora, e a primeira coisa que ele veio me dizer foi “cara, quero ser baterista!”.
E assim foi.
Ele também se matriculou no conservatório, e começou a tocar comigo batendo numas panelas que tinham lá em casa.
Pouco tempo depois o meu pai – desconfiado que assim como ocorreu no caso da guitarra, poderia não ir muito em frente – comprou para ele apenas uma caixa e um prato.
Ficamos um tempo tocando nesse formato, caixa, prato e guitarra, e finalmente ele ganhou uma batera completa, nacional é claro, muito ruim (assim como a minha guitarra), mas com isso já podíamos montar a primeira banda.
Eu e meu irmão tocamos juntos até hoje, mais de 30 anos depois, e somos músicos profissionais.
Muita coisa aconteceu nesse caminho, coisas legais e outras nem tanto, muitos desafios e também muitas conquistas, e algumas dessas histórias eu vou contar em posts futuros.
Além de minha própria história pessoal, conheço a história de inúmeros outros músicos que fui conhecendo ao longo do caminho, e de muitos alunos que tive.
Gosto muito também de ler biografias, é uma de minhas leituras favoritas. Sempre tiro muitos exemplos e lições importantes.
Um ponto fundamental é que temos sempre que estar muito atentos aos sinais que o destino coloca em nossa vida.
Há algumas situações únicas, raras, oportunidades inusitadas que surgem no caminho e se fechamos os olhos para elas, por preguiça ou medo de arriscar, pode-se fechar aquela porta para sempre.
Sou adepto do tentar sempre, de dar uma chance, de se arrepender por ter feito e nunca por não ter tentado.
Você é ruim em matemática, tem dificuldade com química, sei lá, mas pode ter um talento absurdo para tocar um instrumento!
Ou para ser atleta. Ou pintor. Ou para cozinhar.
Enfim, eu acredito fortemente que todo mundo, sem exceção, por mais dificuldade que tenha em se enquadrar em determinadas atividades e estudos considerados padrão pela sociedade, tem dentro de si algum talento.
O cruel é que infelizmente muitos passam a vida e nunca descobrem esse talento, seja por falta de incentivo da família, por falta de condições financeiras, ou por acomodação mesmo.
Eu acho absurda a exigência que há nos tempos modernos de com 15, 16 anos de idade uma pessoa já ter que escolher a profissão que irá exercer pelo resto da vida.
Muitos acabam indo por um caminho apenas de realização financeira, que pode dar certo ou não, e muitas vezes mesmo sendo bem sucedido financeiramente vive frustrado e infeliz.
Eu conheço inúmeras pessoas assim.
Dependendo do que seja haverá maiores ou menores dificuldades, mas é certo que caminhos sem obstáculos na maioria das vezes não levam a lugar algum.
Eu vou abordar em vídeos futuros os principais obstáculos, como falta de apoio da família, de condições financeiras, de tempo, entre outros.
Já vi de muito perto pessoas que enfrentaram e venceram tudo isso e através de minha experiência e da experiência delas tirei boas lições e dicas que trarei em breve.
Por hora, saiba que se você descobriu qual é o seu talento já é um privilegiado!
E se não descobriu, se dê a chance.
Arrisque coisas novas, fique aberto a experiências diferentes, faça uma aula experimental de algo que tenha curiosidade.
Se você já for pai, dê mais chances aos seus filhos, invista no talento deles sem preconceitos.
Em qualquer profissão há dificuldades – eu tenho muitos amigos que são advogados, engenheiros, e estão em situação de trabalho mais complicada que muitos músicos ao meu redor.
Fazer o que você gosta e tem dom não tem preço, dá todo o sentido da vida. Todos deveriam pelo menos ter a chance de tentar.
Um abraço e até a próxima!
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Alex se formou com “honors” (méritos) pelo renomado Musicians Institute da California (EUA) em 1992. Já teve milhares de alunos ao longo de mais de 25 anos ensinando música, e em 2008 fundou sua própria escola, a Música Moderna, hoje uma das mais importantes do RJ. É um dos músicos mais conceituados do Brasil, com uma carreira de sucesso que inclui 5 CDs e 3 DVDs lançados, inúmeras colaborações em revistas especializadas (incluindo matérias e fotos de capa), já acompanhou artistas por todo o país e tem apoio de grandes marcas de equipamentos como Tagima, NIG, Santo Angelo, Albion e Sergio Rosar. É autor de diversos cursos online, tanto de guitarra quanto de teoria musical.
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